quinta-feira, 21 de abril de 2011

O que é Educação a Distancia

Falar sobre a Educação a Distancia no Brasil é, ainda hoje, um ato de muita coragem. São vários os trabalhos sobre este tema, mas a resistência a ele tem, necessariamente, uma base cultural bastante forte.

A historia da educação formal no país tem seus fundamentos a partir de um ensino cujos objetivos foram, quase sempre, o privilégio a determinados segmentos da população. ROMANELLI ( 1978), em um dos estudos mais significativos acerca da historia da educação brasileira, aponta o caráter elitista da mesma. Vamos transcrever aqui uma parte de seu texto, ainda que seja uma transcrição extensa, é importante “localizarmos” a problemática a que nos referem .

Apesar das mudanças econômicas, políticas e sociais, a educação formal no Brasil segue seu ritmo, ou seja, mantendo a seletividade e a exclusão daqueles que na verdade mais necessitam dela.

Tratar, então, da Educação a Distancia, significa trabalhar com um tema que represente romper com um ciclo determinado ha muito tempo. Este rompimento, no entanto, não pode ter em sua base a substituição de sistemas presenciais por sistemas a distância.

Esta afirmação é colocada com um sentido de certa obviedade, já que, em nosso país, propostas de inovações metodológicas são tomadas quase sempre na perspectiva de solucionar problemas de acesso e permanência de alunos nos sistemas de ensino. Assim, não podemos confundir propostas relacionadas a educação a distância e a necessidade de romper o ciclo da seletividade e exclusão dos sistema educacional brasileiro.

A educação a distância tem em sua base a idéia de democratização e facilitação do acesso à escola, não a idéia de suplência ao sistema regular estabelecido, nem tampouco, a implantação de sistemas provisórios, mas em sistemas fundados na Educação Permanente, demanda que a sociedade nos impõe hoje, como forma de superação de problemas relativos ao desenvolvimento econômico e tecnológico que vivenciamos.

Portanto, tratar da educação a distância, não é tratar de algo isolado da educação em geral. Talvez, ao não reconhecermos isto como um fato, faça com que a experiência brasileira com a Educação a Distância se caracterize como um eterno começar.

Desde a década dos anos 70 assistimos às tentativas de organização de experiências em EAD, sem que isto viesse a se consolidar na criação de um sistema de ensino baseado nesta modalidade. Estas experiências tiveram em seu início uma intervenção governamental acentuada, trazendo componentes ideológicos necessários a manutenção do regime militar brasileiro que ocupava naquele momento o poder de estado. Grande parte das resistências a esta modalidade de ensino estão associadas ao regime ditatorial e a difusão dos chamados modelos tecnológicos tão em voga nesta mesma época.

A idéia de desenvolvimento, de crescimento econômico, foram os argumentos utilizados pêlos militares para a reforma educacional de 1972 e, principalmente, para justificar a ampliação das ofertas educacionais, que tinham por base uma formação mínima para o mundo do trabalho, entendido como o mundo da rápida industrialização.

Explicar as bases deste interminável começar da EAD no brasil significa compreender os processos em que se forjaram os programas e as instituições que os criaram e executaram. Para a compreensão disto, vamos, então, fazer uma apresentação cronológica da implantação de programas que se utilizaram da EAD, na tentativa de reconstruir as origens desse caminhar nesta modalidade.

Os programas de EAD podem ser categorizados em três tipos: aqueles destinados à formação geral, à formação de professores e à formação profissional. A apresentação que se segue terá estes dois aspectos: a cronologia e a categorização conforme o fim da formação.

1- Programas de EAD destinados à Formação Geral.

Dentre os programas com o objetivo de formação geral, o Projeto Minerva, foi um dos que teve maior impacto no país.

O Projeto Minerva foi criado em 04 de outubro de 1970 pelo governo federal. Este projeto foi fruto de um acordo entre o Ministério da Educação e o Ministério das Comunicações. Este acordo determinava que a transmissão do Minerva ocorreria em todas as rádios e televisões comerciais ou privadas do país, tendo uma duração de 5 horas semanais.

Este projeto rádio-educativo foi constituído como uma solução a curto prazo aos problemas do desenvolvimento econômico, social e político do país. Tinha como “fundo” um período de crescimento econômico, conhecido como “o milagre brasileiro”, onde o pressuposto da educação era de preparação de mão-de-obra para fazer frente a este desenvolvimento e a competição internacional.

O Projeto Minerva substitui um outro programa pensado e promovido pelo Movimento de Educação de Base (MEB). Este programa era destinado ao desenvolvimento social e a conscientização da população marginalizada e desfavorecida das regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Em 1965 a Fundação Educacional e Cultural “Padre Landell de Moura” (FEPLAN) estende a experiência à Região Sul do país. Em 1967 a “Fundação Padre Anchieta”, transmite o programa como uma promoção educativa e cultural, via rádio e TV, para o Estado de São Paulo.

Segundo LIMA (1990), o objetivo do projeto Minerva era o de propor uma alternativa ao sistema tradicional de ensino como formação suplementària à educação continuada. O projeto atendeu aos níveis de 1º e 2º graus através do oferecimento de diferentes tipos de curso:

a- cursos de qualificação para 2º grau. Este programa revisava os conceitos fundamentais da escola de 1º e 2º graus, preparando para o exame de “MADUREZA”. Os cursos compreendiam 5 disciplinas: português, matemática, historia, geografia e ciências e tinha uma duração total de 50 horas.

b- Curso de “MADUREZA” para formação de 1º e 2º graus, com o objetivo de melhorar a escolarização dos estudantes. Tinha uma duração de 125 horas e era precedido de um curso preparatório.

c- Curso de “Moral e Civismo”, tinha por objetivo reforçar o sentimento de nacionalidade. Este curso era composto de 15 sessões de 15 minutos cada uma.

d- Curso de conteúdos básicos em 7 disciplinas voltados para o 1º grau: português, matemática, ciências, estudos sociais, princípios do trabalho, educação sanitária e formação moral e cívica.

Fonte : http:///c:www.nead.unmt.br/index.asp?pag=7

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